quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sapatilha de ponta - A hora certa de usar


A ansiedade é natural. Toda bailarina, desde pequena, sonha em usar a sapatilha de ponta e a cada avanço nas provas do ballet, já pergunta para os professores: quando eu vou poder subir na ponta?

O assunto é bem debatido, bastante falado e, realmente, muito sério. Por isso, buscamos as orientações de especialistas para ajudar as pequenas bailarinas que estão nesta fase e, claro, para auxiliar também os pais nos cuidados com a introdução da sapatilha de ponta na carreira de suas filhas.

 Dr. Akel Júnior é especialista em
 ortopedia pediátrica e adolescente. 

Este é um momento que pede preparação. Ao entrar no ballet é interessante levar a criança a uma consulta com um ortopedista. Quem dá as dicas para nós é o médico especialista em ortopedia pediátrica e adolescente, Akel Júnior. Ele recebe constantemente novas bailarinas em busca de avaliação para o uso da sapatilha de ponta e alerta que não existe idade ideal ou nível técnico para ingressar nessa fase.


“Nós podemos dizer que existe uma média de idade em que os pés estão prontos para o uso da sapatilha de ponta, que vai dos 10 aos 12 anos. Mas isso varia de pessoa para pessoa. ”, explica o médico.

Para usar a sapatilha de ponta, a musculatura e a estrutura óssea dos pés têm de estar bem formadas. “O que avaliamos é se as áreas de crescimento dos ossos dos pés já estão fechadas, se não têm mais potencial para crescer. Se a criança usa uma sapatilha de ponta nessa fase de crescimento, com a freqüência e a força que o ballet exige, pode gerar deformidades graves nos dedos e até lesões nos tornozelos, o que prejudica a atividade no futuro. Muitos até precisam parar de dançar. Seguindo as orientações médicas corretamente, a bailarina tem vida longa de espetáculos maravilhosos”, alerta Akel.

E em relação aos pés feios? Difícil encontrar uma bailarina que não viva esse problema. Existiria uma maneira de amenizar essa aparência? Infelizmente não. Fazer as unhas, cuidar com cremes pode ser um caminho. Mas ao longo da carreira, os calos, as unhas encravadas, as deformidades, comuns ao exercício da dança, vão só aparecendo mais.

Se externamente a saída é disfarçar, internamente o cuidado tem de ser maior. Para aqueles que já passaram da fase inicial com a sapatilha de ponta e já estão acostumados com as lesões aparentes, Dr. Akel Júnior dá algumas dicas para evitar problemas decorrentes de ensaios mais puxados ou competições prolongadas.

  • Procure sapatilhas que moldem-se facilmente ao formato dos seus pés. Se não conseguir conforto, não insista em usar. Busque até achar uma adequada.
  • Nunca comece a dançar sem fazer um bom alongamento direcionado aos tornozelos, aos pés, às panturrilhas e à parte posterior do joelho.
  • Faça exercícios de fortalecimento muscular.
  • Em caso de dores no tendão e nas articulações, atenção! Não insista no ensaio e não force. Faça repouso e busque atendimento médico.


Garra de bailarina


Liliani Cunha - diretora da
 Espaço da Dança Escola de Ballet




Tecnicamente, a hora de usar a sapatilha de ponta é a hora da decisão. "É neste momento que a bailarina sabe se é isso mesmo que ela quer", analisa Liliani Cunha, diretora da Espaço da Dança Escola de Ballet. 

Liliani explica que as meninas já chegam à escola perguntando sobre a ponta e cabe aos professores orientarem muito bem sobre o momento certo de usá-la. "Nossas alunas iniciam o uso da ponta na quarta série e somos muito transparentes para tratar sobre esse assunto e falar se está na hora certa ou não. Costumo dizer que de "cor de rosa", o ballet não tem nada. Bailarina é guerreira. Na primeira aula com a sapatilha de ponta, muitas meninas já querem desistir e aí damos todo o apoio e orientação para elas enfrentarem esse momento com sucesso", afirma. 

Antigamente usar a sapatilha de ponta era ainda mais doloroso. O mercado não oferecia tantas opções como hoje. "Nós indicamos para as nossas alunas as sapatilhas das marcas Só Dança e da Capézio, que levam em conta os diferentes tipos de pés que as bailarinas têm. Outra marca que faz a diferença é a Gaynor. As sapatilhas são fabricadas nos Estados Unidos, de acordo com o molde dos pés. Desde 2008 nossas bailarinas usam essas sapatilhas e o conforto é muito maior", orienta Liliani. 

Em um ensaio fotográfico bem interessante, o fotógrafo Henry Leutwyler traduziu perfeitamente o que Liliani Cunha diz sobre a garra de uma bailarina. Ele passou uma temporada no New York City Ballet, para mostrar aquilo que a leveza dos passos de uma bailarina não nos permite ver. "O pé na ponta é o que toda menina sonha. O outro é o trabalho duro, a realidade", descreve as fotos a seguir. 





Parabéns a todas as bailarinas que superam seus próprios desafios e nos permitem ver seus espetáculos de corpo e alma.

Fotos: Daí Comunicação Integrada e site Wildfox. 

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